Case #21 - Mulher selvagem

A Cynthia separou-se recentemente do seu terceiro marido. Estiveram juntos durante 20 anos. Ela queria trabalhar um sonho. Instruí-a para o contar no presente, como se estivesse a acontecer, passo a passo. Ela disse: Estou a dormir no sofá. Ele vem, abraça-me e beija-me. Ele diz que acabou de comprar uma nova casa, que a conseguiu barata, com um grande alpendre. Tem um novo quarto com suite. Fomos até à minha casa, e estava lá um rapaz que pega num grande pedaço de madeira e o atira pela janela. Agora, o John (marido) vem e o seu telefone toca, ele diz que tem que falar em privado, então eu suspeitei que tinha uma nova namorada. Depois pedi-lhe que desempenhasse alguns dos papéis, e que se descrevesse em cada um. Primeiro era a casa - ela disse 'sou nova, brilhante, de boa qualidade, forte, e com propósito' Depois o pedaço de madeira que entrou pela janela - 'sou difícil, forte, poderosa, a velha casa não tem vaor, preciso apenas de mostrar que está partida, fazer grande barulho' Depois o rapaz - que tinha 13 anos no sonho - 'sou maldoso, forte' Depois a nova namorada - 'sou interessada, curiosa' Tudo isto requereu algum treino, enquanto a Cynthia continuava a querer contar as suas interpretações do que cada elemento significava. Mas, no Gestaltismo, procuramos a experiência direta em vez de julgamentos ou associações preconcebidos. Então continuei a direcioná-la de volta para a identificação de cada elemento, e para a enumeração de sentimentos em vez de pensamentos. Perguntei-lhe o que mais se destacou - o rapaz. Brincalhão, sem caráter. Então eu relacionei isso com a sua vida corrente - o que seria algo que fosse sem caráter? A Cynthia respondeu - sair toda a noite, ter uma grande fogueira, uma festa na praia ao luar, e dormir na praia. Ela disse que gostava de levar o John, mas que 'ele não gosta de ver a mulher selvagem em mim...então eu aprendi a reduzi-la...ele não consegue lidar com as expetativas que ele sente serem de uma determinada forma'. Ela explicou que tentou levá-lo a dançar com ela durante muitos anos, mas depois desistiu. Eu sugeri que ela deixasse de se colocar a si mesma em espera, e que fosse apenas às aulas de dança por si mesma. Depois pedi-lhe para se imaginar a dizer algo selvagem ao John, algo sem caráter. Eu podia desempenhar o papel de John, e ela podia dizer-me isso diretamente. - Ela lhe diria que queria que ambos deixassem os seus trabalhos, que comprassem um iate e viajassem pelos mares, para onde a corrente os levasse, ela podia cozinhar, e podíam escrever poesia juntos. Depois perguntei-lhe o que diria bastante forte a ele, neste momento, algo um pouco desafiante. - Ela disse-lhe que estava cansada do seu consumo de drogas, e que estava irritada com os últimos anos que tinha perdido a querer que ele fizesse algo de diferente. Ela não ia aceitar mais promessas, apenas atitudes. Dei resposta ao seu processo - ela era bastante clara, fundamentada, e na minha posição não defensiva a interpretar o John (algo que, claro, ele normalmente tinha dificuldade), o quanto tinha apreciado a sua assertividade. Convidei-a a ser ainda mais forte, mais dura, mais selvagem. Ela fez mais algumas declarações sobre si mesma, sobre os seus limites. Sentiu-se muito mais fortalecida. No Gestaltismo desenhamos experimentações para explorar as figuras que emergem. Aqui no sonho havia muitas figuras, mas fomos pela que tinha mais energia para ela - fazer algo pouco caraterístico. Isto traduziu que ser selvagem, forte e colocar-se em primeiro, pode ser positivo e negativo. Eu participei na experimentação desempenhando o seu companheiro, e dando-lhe feedback. Isto ajudou a tornar-se mais real para ela, e também criou uma sensação de segurança ao tentar uma nova forma de ser. O Gestaltismo trata de tentar algo diferente, com apoio, focando na chave da questão que evoca a consciência - os sonhos são muito bons para aceder a estas questões.
Posted by Steve Vinay Gunther